segunda-feira, 29 de setembro de 2008

A mulher de sua vida

O jeito que ela olhava. Era só que ele sabia. Nenhuma palavra. Só conseguiu reparar isso. Não precisava de mais nada. Ali ela mostrava o que era. Como era. Ele se apaixonou. Sem ao menos ouvir sua voz. Se apaixonou pela imagem que ele mesmo construiu. Não importava. Ele sentia até sua voz. O jeito que ela ria. Seu olhar mostrava como ela andava. Como tossia. Como reagia. O jeito que ela colocava o cabelo atrás da orelha. Tudo isso bem dentro da sua imaginação. Porque ele não viu nada. Só um único olhar. Um único dele. Um único dela. Juntou todas as maneiras que ele mais gosta e projetou nela. Era perfeito. A mulher de sua vida. Ele só observou. Nem ao menos falou com ela. Preferiu ir embora e sentir saudade da mulher que jamais conheceu.


Claudio_veio_ao_mar (sim, estamos numa fase Emo) rs.

Geladeira

Usando seu comunicador via web ele procurou ela na lista. Achou. Bingo, ela o tinha adicionado. Seu nick não era nada demais. Algo sobre a beleza de viver. Certo, não era tão brega. Mas também não dizia nada demais. Abriu. Viu a foto dela. Sim, parecia a mesma garota que conheceu no bar. Na verdade estava até mais linda. Status online. Ótimo. Só começar o novo projeto. Clicou em cima dela. Abriu a janela e teve um espaço em branco inteiro para conquistar. Não saiu nada. Fechou a janela. Abriu o bloco de notas. O bloco de notas não tinha "emotion". Abriu de novo a janela dela. Respirou. Levantou. Foi até a geladeira ver se tudo estava lá. Voltou e sentou. Abriu. Pensou nela. Nas coisas que ela falava. No jeito que ela pensava. No signo que ela era. Ainda é. Digitou. Apagou. Digitou. Apagou. Abriu as opções de emotion. Mandou uma flor. Ela demorou 7 segundos pra responder com uma boquinha vermelha e beijoqueira. Ele sorriu. Levantou e foi até a geladeira de novo ver se estava tudo lá.


Claudiomiro (finalmente saiu um texto)

drogadita

E ela foi entrando na minha casa e sentou na cadeira verde emburrada. A cadeira tava emburrada? Boa, eu tava na cozinha pegando uma coca pra dar uma zerada e colou um cara sem noção nela. A música abaixou e ouvi da cozinha. Ae, você ta com uma cara de drogadita hoje e ainda riu, o retardado. A música voltou e não obtive a resposta dela. Fechei a geledeira, virei pra sala e dei de cara com ela. Voou coca pra tudo quanto é lado, mas eu só senti o braço gelado depois de decorar a cara da drogadita que não tava drogadita porra nenhuma. Ela me disse vermelha e meio molhada, desculpa hoje não é meu dia. Falei pra preencher espaço: nem o meu aliás que dia é hoje, pedi desculpa pela piada e ela mostrando 32 dentes naquela boca gigante pela coca, eu pela camiseta dela. 17 vezes apaixonado mostrei o banheiro e ela voltou depois com outra camiseta saída daquela bolsa imensa que a mulhereda ta usando. Dae, bolei um plano pra pegar o msn dela... msn sempre é importante. Se é! E ae, o que aconteceu, porra? Você fica dando volta. Calma porra, deixa eu molhar o bico aqui... Dae chegou o namorado, puta dum pangua...

Calenza

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Registro Geral

- E existe coisa melhor que beijar e esquecer até seu nome de tão bom que o beijo foi?

- O problema é que esqueceu o MEU nome!

- Foi o que eu disse. Esquecer o SEU nome...

- Você é muito xavequeiro.

- Não sou nada, Carla...

- Meu nome é Lídia! LI-DI-Á.

- É, não posso esquecer, é bom a gente não beijar mais, risos.



Calenza em pra quê nome pessoal?

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

O Segredo

Olhou para ela. Lá estava. Sentada. De costas. Não precisou nem ver seu rosto. Sua nuca já era um convite. Uma apresentação. Cabelo preso. Rabo de Cavalo. Característica sedutora. Ela sabia prender bem o cabelo. Poucos fios atrapalhavam a visão da nuca. Uma nuca pronta pra ser mordida.O rabo lá em cima. Quase no topo da cabeça. O rosto totalmente desprotegido. Prender o cabelo é mostrar o rosto. Poucas conseguem fazer isso com estilo. Muitas preferem não mostrar. Rabo de cavalo exige orelhas bonitas. Talvez não. Rabo de cavalo só exige um elástico. Exige talvez atitude. Rabo de cavalo tem a ver com atitude.Com calor. Gosto de mulheres quentes. De atitude nem se fala. Rabo de cavalo não é só um convite. É um desafio. Só se prende o cabelo pra fazer algo que exige movimentação. Ou se prende quando está quente. As duas coisas são muito boas.Olho grande e rabo de cavalo é queijo com goiabada. combinação perfeita. Só tá faltando a Julieta.

Claudiomiro (Romeu?) rs

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Banda Larga

Jorge sentado na mesa esperava Roberta voltar do banheiro. Garrafa de vinho já pela metade. Ela parecia ser muito mais bonita agora. Saiu do banheiro estava de vestido e agora havia deixado um rabo de cavalo. Seus olhos eram verdes e bem grandes. Os lábios eram Lábios. Saiu do banheiro já olhando pra ele.Veio caminhando para retornar a mesa.Jorge já meio alterado pensou "Gente, que mulher hein". Ela sentou na mesa, mas antes passou a mão no cabelo dele. Ele arrepio-se. Quis sorrir, mas ainda estava hipnotizado. Ela mesmo pegou a garrafa e completou as duas taças. Esvaziando a garrafa.Ela sempre foi bonita, o vinho só servia agora como um álcool no vidro. Ele estava se apaixonando muito rapidamente. Paixão banda larga. Ela não precisava falar nada. Exalava perfume e vinho. E isso era apaixonante. Olhou para Jorge e só levantou a sombrancelha em direção a porta de saída. Jorge sorriu, e se levantou, mesmo estando com as pernas bambas. Ela levantou em seguida pegou sua mão e sairam.

Claudio_aos_mares_do_sul

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Surgiu...

- AlÔ?
- Alô. E ae cara. Quanto tempo!
- E ae. Faz tempo mesmo. Fiquei sabendo até que você casou.
- Eu não. Tá doido.
- Ué, foi o que me falaram...
- Não, casar não. Só estou morando junto.
- Ah tá. Tem razão é diferente. Vocês ainda devem fazer sexo
- Não exagera cara, só estou dividindo meu apê por um tempo
- E chama isso do que?
- Ajuntamento.
- É, ajuntamento de um monte de coisa errada. Junta tudo e espalha no apê.
Escova, secadora, calcinha, brinco, meia, bobs, chinelo..
- Putz. Você não sabe. É muito bom cara..
- Quanto tempo já?
- Uns 5, 6 meses..
- hahaha
- Que foi?
- Nada...
- Ah cara, você tá enchendo o saco. Já basta a Lurdinha aqui
- Ahhhhhaaaaaa tá vendo!! Te peguei!!
- Que?
- Você casouuuu!!!!


Claudio mares (texto sem explicação.surgiu....)

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Love & communication

Ela chegou no fim da paulista e quis voltar depois de ver que aquele filme não estava mais em cartaz. Ela entrou pelas páginas daquele sebo, debaixo daquela rua. Saiu de um livro, entrou em outro e as histórias de amor nem sempre acabam bem. Quando atravessou o salão já era outra mulher. Como naquela música daquela cantora: aprendendo mais e mais sobre menos e menos e menos. E quem disse que é pra ter sentido se cada um sente diferente?

calenza

Sentado eu vi

Sentado na calçada eu vi. Vi muitas mulheres. De todos os tipos. Algumas passaram confiança. Algumas me encantaram. Outras prefiro esquecer. Só prefiro. Esquecer é lembrar.Loira.Ruiva.Morena.Bonita.Inteligente.Calada. Falante. Algumas até demais. Outras de menos. Outras o suficiente. Eu prefiro essas. São suficientes na beleza. No gesto. Nas atitudes. No jeito de olhar. Se encaixam. Sentado na calçada eu vi. Algumas que passaram rapidamente. Outras que demoraram pra passar. Outras surgiram quando eu nao esperava. Na verdade devia estar esperando, senão não estava sentado. Vi tantas. Umas nem lembro. Outras passaram e nem percebi. Algumas eu queria que tivessem passado. Mas talvez pegaram uma outra rua. Hoje fico sentado de novo. Só observando. Espero aquelas interessantes. Não passaram muitas. Fico sentado aqui esperando. Observando. Procurando-as. Principalmente as suficientes.

Claudio)ao)mar (senta e espera)

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Em comum

Eles estão num bar depois de um casamento sem álcool ou depois de uma filmagem na paulista. estão cansados porque filmar cansa ou porque salto alto dói ou ainda porque gravata aperta. Ela faz cafuné nele e ele beija seu pescoço depois de tirar mechas de cabelo da frente. Ela fala que o cabelo é uma zona e ele pergunta se o dela parece diferente, se por um acaso pintou de preto. Ela se assusta porque ela só mudou o tom do preto e preto nem sempre é preto. Ele ri e pede cafuné. Ela fala de gente morta que ela gosta e ele dos vivos que queria ser. Ele sempre olha no relógio em horários de números repetidos e ela não é do seu signo. Ele não liga pra essas coisas e ela fala que a menina da outra mesa é linda. Ele diz que mulher não precisa ser linda pra ser interessante. Ela diz que a palavra interessante não é nem um pouco interessante e ele tira outra mecha do olho dela. Ele quer beijar seu olho, mas acha que é muito cedo para isso. Eles começam a escrever frases no guardanapo pro outro continuar a história e eles percebem que a história está cheia de vírgulas e reticências.


calenza

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Se seu olho fosse uma câmera

No metrô da vila madalena é assim, você entra e fica imaginando travelings nos corredores abobodados de luz branca piscando. Os travelings de câmera subjetiva continuam passando a catraca. Vire a direita e deixe a escada rolar com sua mão no corrimão e seu pé direito brincando com aquela pelugem preta presa por alguma coisa amarela que combina com teu tênis velho rasgado. Acabou de rolar, pelo menos pra você, vire a direita. Lá vai ter uma menina sozinha, esperando o trem com a perna direita dobrada e seu pé na ponta saindo daquele sapato meio bonequinha que a juventude tanto usa. Pode dar um zoom e torcer pra não ser um livro de auto-ajuda que ela lê. Você pode virar pra pessoa que ta com você e falar: Se ela soubesse o que ela faz comigo, não faria isso... seu amigo talvez sorria, mas a subjetiva volta pra um pescoço branco dum cabelo preso às pressas, logo pra sua subjetiva que sempre captou um pescoço como um convite. Assim você só pensa, para não ser repetitivo: ah, se ela soubesse...

Calenza em filmando

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Sinais

Ele sentiu que ela passou a mão no cabelo. Jogou pra trás da orelha e olhou pra ele. Sim, ele tinha lido a linguagem dos sinais. Ela não. Senão não mexeria tanto no cabelo. Ele apontava o pé pra ela. Os dois pés. Retos, em direção a ela. Ela não leu o livro. Ele não conseguia conversar com os amigos direito. Olhava de rabo de olho. Ela olhava a cada 30 segundos. Depois de mexer no cabelo. Os dois se olhavam. Os dois não entendiam nada na roda de amigos.Ele se afasta. Vai pro bar. Pegar uma cerveja e se distanciar as vezes é a melhor coisa. Ela se afasta também. Vai pro outro lado do bar. Agora mexe no cabelo com as duas mãos. A garrafa agora tem o balcão do bar pra ficar. Se olham. Uma , duas, quatro, doze vezes. Ele não tem cabelo pra mexer, só o pé pra apontar. Ele se aproxima. Ela queria ter 3 mãos pra mexer no cabelo. Vai chegando perto. Agora é a reta final, ele respira fundo. Se aproxima. Fala.
- Oi
- Oi
Foi a última palavra que se ouviu entre os dois aquela noite.. Ela já não precisava mexer no cabelo.

Claudiomiro Amazonas (ode ao rabo de cavalo)