sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Numa terça qualquer

Dae numa terça-feira qualquer ele chega em casa cansado do chefe e do trânsito. Tem que falar pra mulher que o mês vai apertar, que o bolso já furou. A chave entra, a chave roda macia. A porta vai, a porta vem. As coisas vão parar em cima da mesa da sala. Amooor, cheguei. Vai pro quarto e sem ter tempo para nada é jogado na cama. Ele olha pro agressor, é agressora, pior é sua própria mulher: aí pausa. Aí entra um slow motion que o homem não é de ferro.

Ele entra no jogo: o que você fez com a minha mulher? (ela está deliciosamente irreconhecível, não que o que ele conhece não o agrade, muito pelo contrário – não precisa ser nenhuma demi moore pra arrancar suspiros de homem algum.)

Ela vem de rabo de cavalo, toda de preto e diz enchendo e entregando a taça de champanhe ao marido: eu mandei ela dar uma volta, aproveita o show.

Só aí ele ouviu a música lenta tocar se ajeitou e olhou a mulher como não olhava há um bom tempo. a música parecia fazer parte da mulher. A mulher dominava o quarto. O quarto era dela. E como ela dançava. E como ele não piscava mais. Foi-se o tempo. e ela dançava. E fingia tirar. Ele quase falava, tira. Ela colocava. E continuou assim. Foi-se o sobretudo. A cinta não ligava mais nem menos. Não mais. A meia 7/8. o sapato alto bico fino. Tudo foi virando passado e o presente podia ser ouvido no apê de baixo, os dois desconhecidos vão se conhecendo e esquentando o quarto que vira um inferninho. Não é só mais dela. Os dois são um só enrolados, suados. O calor sai pelas entranhas e parece dezembro o inverno de junho. A hora passa. O quarto não é mais o mesmo nem nunca será que o futuro lhe aguarde...

E ela fala: agora, toda terça-feira aqui em casa vai ser assim.

Mas hoje é quarta, meu amor, responde ele acabado ao pé da cama.

E sabe que dia é amanhã, meu bem? Pergunta ela com o canto da boca mais vermelha que pimentão de época.

Quinta, né? Ta doida?

Não, amor... amanhã é terça!



Calenza em quando é a próxima terça, mesmo?

Abordagens boas parte 1

Ele olha pra ela e segue em sua direção
- Oi.. vc tem um cigarro?
- é.. oi.. tenho sim..
- Brigado
- Toma.
- Ah, brigado, tó de volta.. já usei
- Ué, não vai fumar?
- Não, só usei ele pra te conhecer
- rssrsss
- qual seu nome?
- Roberta
- Roberta. Posso te pagar um vinho?
- Só porque foi bom na piada. Vamo lá..
- Tá. .vamos ali no bar. Vou pedir uma água porque eu não bebo.

Claudiomiro (recordista do 100m rasos)

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Colchão mole

No sofá cabem 3.Em volta da banda não tem limite.Todo mundo dançando. A fumaça subindo e sumindo. No sofá já tem 4. Ela, ela, ele, ela. Ele com ela. Ela com ela. Ela com ele. Ele com ela. Elas com ele. E o samba tocando. A fumaça saindo da casa. Churrascada é confraternização. É a chegada do final de semana.Muita bebida.Sol.Festança. Elas dançam. Eles tocam. Elas tocam. Eles dançam. Alguns. Nem todos. Espeto de frango, carne, linguiça. Tudo ali. em cima da mesa. Abandonados. A prioridade é dançar e tocar.
E quem foi que disse que a farofa é o melhor da festa.Acertou.

ClaudioRio (de cueca em casa)

A rosa púrpura do bairro

Na mesa 12 ela, de camiseta vermelho-escura, disse é mais ou menos assim, um livro é só um pedaço da vida de uma personagem. Depois o livro acaba, mas a vida deles continua, ou eles vão pra coxia da história? O cara da 10 olhava aquilo porque nada na mesa dele fazia mais o menor sentido. Ele a olhava fixamente corou a pele branca da moça de cabelos pretos pretos pretos a meio palmo do ombro. lembrou do elvis e balbuciou it's now or nerver. foi sentando à mesa das duas e logo perguntou o nome daquela que mais lhe havia chamado a atenção. Rosa, disse ela. 17 dias depois eles viriam a passar as tardes frias assistindo aos filmes do woody allen.

Calenza

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

agosto quente

la saiu do am pm com seu vestido soltinho como todo bom diminutivo e reclamou do calor. O cara que estava com ela nada falou, meteu uma halls preta na boca, um gole de água geleda, deixou a moça se adiantar um pouco, fez um rabo de cavalo nela e assoprou-lhe a nuca que seguiu o gerúndio do arrepio, descendo as costas indo dar na lombar que deus e a boa genética lhe deram. O frentista abriu a boca. O cara que discutia relação no 206 preto flex deixou de prestar atenção na namorada. O moço da kombi parou a mão no volume do rádio e não ouviu mais nada. E a moça ainda foi puxada pelo cabelo até sua orelha chegar na boca do namorado que dizia: tem mais 9 halls pra mais tarde...

calenza em que calor é esse, minha gente?

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Terminando...

Ele chega no bar. De mão dadas com ela. A mão segurando só a ponta dos dedos dela. Já não tem mais o prazer que tinha antes. Não vê a hora de falar o que precisa. Ela já não é mais aquela garota interessante.

- Então, o que você queria me dizer?
- é.. então.. acho que temos que terminar?
- Quê? Mas por que?
Pensamento alto. Não há um motivo. Há varios pequenos motivos. E o coletivo de pequenos motivos se chama rompimento.
- Não há um motivo. Quero terminar.
Ela desesperada: - Não pode... como assim?
- Quero terminar.
- Achei que iamos casar e ter filhos.
- Mas vamos. Só que com pessoas diferentes...rs
- Mas você nunca vai encontrar alguém como eu.
Ele levantou e se foi.. Ela continou gritando
- Você nunca vai encontrar alguém como eu!!!
Ele deu um risinho de canto e pensou "Mas a idéia é justamente essa.."

Claudiomar Andrade (humorzinho negro..)

O cigarro

Eles se despedem. Anoiteceu. Ele está com a porta entre-aberta só de bermuda. ele dá tchau. Ele entra. Ela chama o elevador. Ele entra no quarto e volta correndo, abre a porta, sai, deixa aberta. Ela começou a descer. São daqueles elevadores antigos com grade. Ele desce de escadas correndo descalço. Ela vê as pernas descendo. Se encontram no halll do térreo. Ela faz cara de que não entendeu nada, ele a abraça e joga o isqueiro dentro da bolsa dela sem ela perceber - graças a deus todas as mulheres do mundo andam com a bolsa aberta - e ganha um selinho demorado. Ela diz: pena que eu tenho que ir. Ele recuperando o fôlego, coça a barba e solta um sorriso pensado. Entra no elevador e ela vai ficando menor através de sua subjetiva. Ele desaparece atrás da parede e ela sai. Mete a mão dentro da bolsa, pega um cigarro e o isqueiro rosa.

Calenza

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Irreversível

Ela continuava deitada nua em cima dele. Pergunta meio à catherine deneuve: você não acha minha bunda bonitinha mais? Ele olha e vê o fim das costas dela que sobe e se divide, sobe e se divide, depois desce maravilhosamente. Tá meio caidinha, né? Ela sorri, dá um mini soco no peito dele. Ainda está de olhos fechados, mas sabe o que pensa. Ele tem os olhos abertos, mas não enxerga o que vê. Faz-se um blur de imagens de sexo bom. Faz um barulhinho bom na cabeça e um cafuné que a faz sorrir. Apoia as duas mãos no peito dele e o queixo sobre elas. Os olhos dela são grandes, graças a deus, mesmo que ele não acredite em deus. Sem tirar a mão esquerda da nuca onde faz massagem diz: vou acabar com você agora. Ela diz que ele é besta, mas histórias assim são escritas desse jeito e o isqueiro está na bolsa aberta deitada no chão.


Calenza, em lençois maranhenses

terça-feira, 19 de agosto de 2008

F for Fake

Tocava pato fu na casa dele. Menti pra você. Um pensamento puxa outro e às vezes nossas lembranças são falsas porque cada um guarda suas verdades em diferentes arquivos. Os dois agora fumam e o isqueiro rosa que insiste em rimar com a camiseta C&A, dorme na poltrona verde do quarto. Eu prefiro uma mentira boa do que uma verdade meia boca ,diz ele dançando a fumaça. A fumaça dela dança pouco mais séria e parece dizer que não sabe o que está fazendo ali, depois de tanta mentira dos dos lados. Mas no fundo histórias são histórias e verdade absoluta nunca foi o forte de ninguém. A música acaba e não há mais fumaça. 19 minutos depois ela vai acordar nua em cima do corpo nu dele e a última coisa que eles vão lembrar é que um dia mentiram um pro outro, porque histórias são histórias...


Calenza, o Falsário

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Surpreendente

Ela chega. Diz que tem um presente.Uma surpresa. Algo que eu vou gostar.
Me empurra. Caio pra trás. Sinto que caí no lugar onde durmo todas as noites.
Mas daqui a pouco nao vejo mais nada. A luz se apaga. O sentido da visão está nulo.
O do tato entra em ação. E logo mais o olfato. Sinto que ja não tenho mais a camiseta que tinha. Gosto da idéia. Gosto bastante.
O presente chega. E é passado em mim. Cheiro de canela. Cravo também. Talvez um pouco de mel. Ou esse vinha dela. O olfato fica pra trás. Agora quem aumenta é o tato. Sensação. Cheiro. Outro mundo. Tudo fica quente. E esfria. quente e esfria. Permanece quente. Bastante.Cheiro de canela. Poucas sensações são assim. Invisíveis e tão completas.

Claudio_ao_mar ( ai...)

isqueiro

Faz sol. Muita luz no apartamento entre-aberto pela correntinha. Ele do lado de dentro, só de bermuda: Então você não tem nada pra me falar e veio até aqui só pra me dizer isso, é isso? Ela não responde e arma sua pose de briga, braço esquerdo abraçando a barriga, meio que protegendo o boi, ou seria o leão? O corpo fala e o dela grita. A mão esquerda segura o cotovelo direito que leva o olhar para a mão e seu cigarro apagado. Olhando mais atentamente entre os dedos o isqueiro rosa rima com a camiseta C&A. A cara de brava vai perdendo a força e ela não consegue acender o cigarro, começa tocar tolices versão pato fu quando ele vê os olhos dela cheios de lágrima. Ele abre a porta e acende o cigarro dela, mas ela não quer mais fumar.


Calenza (com saudade do sócio)

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Não me irrita hein..

Ele trabalhando. Ela só navegando. Ele de saco cheio do trabalho e já pensando no findi.Ela a fim dele, e enchendo o saco:

- E aí.Quinta-feira né? Vai sair hoje? É o melhor dia pra sair!
- Vou não. Tô sem saco
- Hum. vamo aí vai. Vamo tomar umas?
- Tá me convidando pra sair?
- Eu tô. vamo aí. bebericar alguma coisa, dançar
Ele pensa (bebericar? tenho cara de Rouxinol ou Pomba? Dançar? Eu vou sair daqui,
entrar no meu carro com essa mina feia pra dançar??)
- Não valeu. Vou pra casa hoje
- Ai que chato você, vamo aí?! Meu, vai ser show!
... ("show" - puta merda..tudo menos a palavrinha "show"
- Desencana Kátia. Não vou não. Pode ir
- Nossa, você é muito mole, sabia?
- Sabia não. Tô sabendo agora.
O celular do rapaz toca, ou melhor, só vibra.
- E ae
- E ae, beleza? Vai sair hoje?!

- Vou nada. Vou pra casa!
- Vamo aí cara. Vamo naquela balada. Dizem que lá tá muito show.
- Só um minuto, rodrigo. - ô katia, atende aqui, é pra você...

Claudiomiro Leornardi (mau humor)

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Todos os fogos, o fogo

Tava lendo fogo nas entranhas de almodóvar no sofá ontem durante os intervalos da tnt do stephen king's a janela secreta com johnny depp. hoje no metrô e no ônibus. As loucuras vermelhas quentes vinham do texto e eu imaginava a guria de sapatos pretos como uma das personagens. Ela passou pela catraca. Só vi os sapatos e as pernas, deu vontade de levantar a cabeça pra conferir o resto, mas eu gosto de deixar as coisas para serem imaginadas. Deixei sapatos e pernas. Bem trufaut. Como em o homem que amava as mulheres. Trufaut que colocou na boca de um personagem a seguinte pergunta: por que as mulheres são tão enigmáticas? Tipo almodóvar, o diretor gay que ama e entende as mulheres. O livro é assim: uma cidade vai a loucura depois que um chinês ming desenvolve um absorvente que leva as mulheres à loucura. Querem acabar com o fogo que queima entre as pernas. Cidade lembra cidade das mulheres, um dos filmes do fellini com mellhor final. Filme esse, preferido do personagem o Ruan do livro esmaltes vermelhos que amava tanto as mulheres que queria ser uma. Eu gosto de esmalte vermelho, por isso comprei o livro, mas nunca pintei a unha, nem tenho vontade.

Calenza em fogo contra fogo

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Piadas tipo: você vem sempre aqui?

Isadora:vai rolar um esqquenta
Isadora:ui!
Vasconcelos:adoro esquentar na cozinha
Isadora: imagino
Isadora: hahahahaha
Vasconcelos: às vezes esquenta tanto q nem precisa de forninho, hehehhe
Isadora: hahahahaha
Isadora: seu puto
Vasconcelos: eu quase te chamei de tua puta, mas acho q ia ficar meiA puta
Isadora: com certeza eu ficaria puta. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Vasconcelos:q delicia
Vasconcelos:eu e vc putinhos na cozinha...

Calenza da Arno

Máquina de Café - O retorno

Os dois amigos da empresa, jogando papo fora na máquina de café.
Derrepente passa a tal gostosa do financeiro. Os dois param a conversa. Respiram fundo.Olham fixo pra ela. Se ajeitam cuidadosamente. Um compete com o outro disfarçadamente.Tentam encarar. Jogar qualquer olhar. Enfim, fazer qualquer coisa que deixe aquele momento próximo de uma cantada. Esperam um oi. Uma levantada de sombrancelha.

A garota passa reto. Como se passasse por um bebedouro. (aliás, dois bebedouros)

- Metida
- Feinha até né

1 máquina de café e 2 bebedouros


Claudiomiro Amazonas (ressaca infinita)

Descola, descola

A bandinha tocando alto. Todo mundo assistindo e bebendo. Muito. Cerveja, vinho, vodka,pinga. 2 homens e 2 garotas. Não se conheciam ainda.

- oi
- oi (resposta em coral feminino)
- E aí, que vcs tão fazendo aí além de estar olhando pra essa banda?
- Nada, só bebendo, curtindo
- Curtindo? Olhar uma banda é curtir algo? Curtir é vc me dá a sua mão e ir ali
naquele sofá um pouco
- nossa
- É sim. Daí sim vamos curtir alguma coisa
- Não.Obrigado
Os dois saem e partem pra outra roda de mulheres
Uma das garotas diz:
- Nossa, o que você achou disso?
- Achei bem descolado esses dois


Claudiomiro Amazonas (ressaca)